Hoje vi o homem de bata branca.
Disse-me para ter cuidado!
Eu virei-lhe as costas, e dei à anca
Porque já estava atrasado!
Antes, muito ele remexeu em mim,
Examinando e analisando os pormenores.
Eu disse-lhe: "Eu Estou muito bem assim!"
Ele respondeu: "Já vi males menores..."
Dali desatei a correr,
Temendo por minha sanidade!
Mas consegui-o perder
Deixando-me na saudade...
Mas quando lá cheguei,
(Lá onde eu sou eu)
Ao chão me entreguei
E minh'alma renasceu.
Afastei os demónios,
Pesadelos e sonhos contraditórios!
Bastou-me um desabafo naquele espaço
E o nó da corda ficou lasso.
Sinto finalmente energia renovada
Invadindo o meu corpo fustigado.
Minha mente permaneceu calada!
Durante esse tempo apressado.
E ai de quem diga que é nada
Aquilo que é tão meu!
Pois é... Esta fez mossa... Desta vez, fiquei com uma marca... Uma nova cicatriz para exibir, com presunção, aos meus netos.
Desta vez foi mais do que um susto, mais do que um pirolito, mais do que uma faísca, mais do que um suspiro.
Ultimamente tenho-me sentido a viver numa dimensão totalmente à parte. Apenas porque tem-me acontecido eu ter a certeza absoluta que tenho razão e mais ninguém à minha volta achar isso... Mas em coisas que para mim é óbvio que eu tenho razão. Mas mesmo! Eu sei que estão a pensar: oh isso diz-nos ele, mas se as outras pessoas não concordam então ele não tem razão. Se calhar...
Mas juro-vos que eu tenho passado estas semanas constantemente de queixo no chão de tão surpreso!
É difícil de descrever as situações aqui, mas são coisas como: "Eu acho que um mais um são dois." - "O quê?! Mas estás parvo?!" - "Não...Então não são dois?" - "Claro que não! Pois não?" E depois a multidão à volta contraria-me, acho que só mesmo pelo prazer de contrariar. Mesmo sem me conhecerem, sem saberem o contexto da discussão!
Eu sei que acho que nunca pareci mais adolescente do que estou a parecer agora, e sei (porque já me acostumei a isso) que quem ler isto vai ficar com a ideia que eu sou bastante egocêntrico e que é óbvio que nunca tive razão, e que se calhar um mais um são três ou quatro.
Mas apenas exerci o meu direito, sendo megalomaníaco como sou (ou dizem que sou), de desabafar a minha vida, para as outras pessoas lerem e discordarem!
Peço desculpa, estava a precisar!
A minha migração sazonal terminou dia 17, sexta-feira, e terminou tarde! É muito giro quando ainda nao conseguimos voar, ir de férias com os pais, protegidos debaixo da saia da mãe. Mas nesta idade, em que eu já me aventuro há muito nos meus voos a solo (às vezes a dois), torna-se aborrecido e bastante monótono!
Aprendi que duas pessoas martirizadas pela rotina, que lhe pretendem escapar, acabam por criar uma rotina em tudo igual! Horários iguais, agenda de afazeres igual, todos os dias! E eu, que tenho pavor a rotinas, comecei a enjoar-me destas férias mais cedo que de costume!
Acho que durante uns anos ficarei sozinho em casa.
Mas tiro imensas coisas boas destas férias, algumas experiências para a vida!
E mais um ano em cima... Mais um ano que passou como uma brisa de Primavera! Num ápice.
17 anos: idade para ter juízo? Por volta dos 60 penso nisso!
Agora sim, que volte a farra!
Venho aqui por este meio informar que ficarei ausente durante as próximas duas semanas (não que alguém desse por isso já que a minha assiduidade de escrita não é assim tanta).
Vou de férias!! Finalmente.
Já estava a precisar de uma mudança de ares!
Férias para gozar; férias para recarregar; férias para me divertir. Para trabalhar...para o bronze.
Beijos e abraços. Até já =)
Pois acordem, gentinha pútrida! Olhem para o que está à vossa frente! Cessem de viver vidinhas insignificantes...parem essa vossa existência fútil, que serve apenas de mau exemplo para as gerações vindouras! Desistam de insultar quem vive, no verdadeiro sentido da palavra, com essa vossa imitação de feira! Com essa vossa existência podre, corrupta, auto-infeliz (são vocês os culpados de vossos males!)...
Raiva, ódio, nojo! BASTA!
Insultam-me a vista com tanta insignificância... E vocês, que lêem tamanhas exacerbarias, pensando que lhes escapam ao lado! Vocês, que erguem o vosso queixo para o alto, como se de deuses vos tratasses...Vós sois também alvo de críticas!
Julgam os demais na sua insignificância mas de insignificantes vocês não passam! Estabelecem os padrões do "normal", do "aceitável", do "razoável"...pois que se danem os vossos padrões! Se quero ser, serei! Se quero fazer, farei, pois em nada prejudico os demais...o único alvo de prejuízos poderei até ser eu, pois esse é um direito que me reservo!
E tu...sim tu, que escreves mesmo neste momento tamanho texto, repleto de idiotices...envergonha-te...pois pior que todos eles és...mais vil, nojento és pois nessa tua roupagem de bom rapaz, escondes uma mente obscura e envolta em trevas! Tenta-la esconder, pois não conseguirás...de vez em quando eu saio para "brincar"...digo o que tu não és capaz de dizer...solto-te, soltando-me, soltando-nos! Grita de dor! Berra de fervor pela vida, de repugnância de tudo!... E de nada...
Calma... Deixa passar... São normais as tonturas, a elas estás habituado...acalma-te e acalma teu coração...já foi...já passou. Voltei.
Voltei a mim…ele já se foi…
Apeteceu-me fugir ao estereótipo de romântico sem salvação e decidi arriscar por diferentes terrenos.
É a melhor forma de me descrever...confusão.
Não quero parecer megalómano ou egocêntrico (apesar da minha mãe mo apelidar de tal) mas vou voltar a resolver o meu bloqueio tentando descrever-me. Descrever-me não, é mais correcto: visitando os meus cantos obscuros.
Algo que aprendi com o teatro. Todas as pessoas, ou a grande maioria, tende a fugir ou esconder estes cantos na sua mente. Estas falhas e imperfeições na personalidade de cada pessoa. Mas eu aprendi a abraçá-las e a convidá-las para tomar café.
É apenas visitando os meus cantos mais recônditos, mais abomináveis, mais atrozes que eu sou capaz de lidar com eles. Eu sei que há pessoas que conseguem lidar com coisas que não vêem, pois eu não sou assim tão competente, necessito de sentir. "Penso, Sinto, Logo Existo", o mero "Cogito Ergo Sum" é matemático demais para mim.
Já estou a divagar... Ora, confusão é algo que me define, pois eu sou muito contraditório: Para muitas coisas sou bastante responsável, "Um homenzinho" diz a minha avó, mas para muitas outras sou fútil, sou algo solúvel, capaz de dar um sabor diferente a algo por um tempo mas que se dissolve e desaparece rapidamente nas coisas, nos objectos, nas pessoas...
Isso aplica-se a muitas coisas, como o meu gosto musical: Tenho fases musicais, nas quais sou capaz de ouvir a música mais barulhenta para depois passar, de um momento para o outro, para músicas melancólicas e enamoradas. Mas se se aplicasse só a coisas assim, eu lá me safaria. O problema é quando esta minha característica se aplica nas minhas relações.
Elas podem ser ardentes, apaixonadas e enamoradas até à loucura por uns tempos...para mais tarde acabarem...desvanecerem... Para acabarem por se dissolver... Acabarem por perder o significado, de tal forma que dá a ideia de nunca ter existido significado.
No entanto...excepções as há. Como a música dos Nirvana...nunca me canso de ouvi-los, e de umas outras 4 bandas... Como...
E agora gostava de ter feito a ponte para as relações, dizendo: "Como tu...nunca me canso de te sentir nos meus braços..." Que inteligente e perspicaz que teria ficado este texto...
Mas não existe esse sujeito encantado, coberto de um cheiro a jasmim...possuidor de um corpo resplandescente, com curvas de fazer endoidecer qualquer um... Tal semi-deusa, versátil e inteligente, com um humor igualmente apurado. Interessante até ao tutano...
Porém, não há... Por isso acabo este pedaço da minha mente (sim, pois cada texto que compilo é parte integrante de mim próprio, talvez seja por isso que eu não escreva com muita regularidade), termino desta forma sem saborona, sonsa...
Estou aguardando um final melhor...
Arranjem 10 pessoas, entusiastas por teatro e por demais artes alternativas; Busquem um tema solto ao vento, algo que tenham ouvido ao atravessar uma passadeira ou algo que tenham visto num cartaz meio rasgado; Juntem doses generosas de imaginação; agora peguem nessa mistela e trabalhem-na, estiquem-na, dobrem-na e levem-na até ao extremo da ruptura.
Depois, vão acabar por descobrir erros, incorrecções: é só questão de corrigir, alterar pequenas partes, pequenos movimentos, acrescentar ideias que vos surgem no banho, no jantar, ou até mesmo num sonho sobre uma recordação infantil.
Agora só falta o ingrediente secreto...Para fazer juz ao nome, não vos direi, mas esta é a base da performance que o Grupo de Teatro Antígona fez (já em 5 representações - mais virão), grupo do qual faço parte, de corpo e alma!
Esta performance distancia-se totalmente de qualquer representação teatral a que a generalidade do público está habituada, aliás como têm vindo a ser os últimos trabalhos do grupo.
O tema base é o Ano Polar Internacional: para quem não sabe, este ano é o Ano Polar Internacional, ano no qual se farão imensas coisas no sentido de alertar a população deste nosso planeta sobre questões ambientais, principalmente no que toca aos polos.
Ora, o que os Antígonas fizeram foi aproximar os polos de todos nós. Pensámos que a razão pela qual a grande maioria das pessoas não liga às questões dos polos é devido à enorme distância física que existe, entre as pessoas e os ditos cujos. Então, elaborámos uma performance intimista, na qual todos (actores e público) sobem ao palco. Nós, "actores", sentamo-nos em roda, com o público à nossa volta. Isto tudo passa-se numa "tenda" branca, na qual pretendemos representar o mundo, todo de branco pois o tema são os polos; nesta "tenda" é que se dá a performance, toda ela a não mais do que um braço de distância do público.
Assim, fazemos ver a todos que os polos estão bem mais próximos do que pensamos: eles estão em cada fio do nosso cabelo, assim como todo o mundo está no nosso corpo, assim como o nosso corpo é parte integrante do mundo. Queremos transmitir a ideia que não há massas separadas, pois o que afecta o mundo, afecta-nos a nós também, e basta uma pequena parte do mundo ficar negra, para mergulharmos todos numa escuridão desesperante.
As representações correram muito bem, especialmente (para nossa surpresa) a parte final, na qual existe uma interacção com o público: oferecemos ao público o branco e envolvêmo-lo numa canção que deu o nome à peça: Auani.
Obrigado aos que foram ver, aos que foram e gostaram e aos que gostariam de ir! Uma coisa é certa, ninguém fica indiferente a esta performance, amando-a ou odiando-a.
Parte da minha rotina consiste em deslocar-me de transporte público...autocarro. Mas hoje tive uma bela surpresa nessa minha viagem rotineira, de regresso a casa: hoje a paragem foi temperada com um pouco mais de pimenta, hoje foi pintada com cores mais berrantes, com cores mais quentes, com cores mais envolventes... Isto porque um ser deslizou até à paragem onde eu me inquietava pelo desejo de chegar a casa!
Assim que ela chegou áquele sítio, os meus olhos congelaram-se logo nela...deslumbrados pelo cabelo curto e sensual, de um fogo doce, aveludado, e intenso, qual vinho perfeito,
Eu, por muito discreto que sou e sempre fui, não conseguia manter um nível de discrição minimamente aceitável! Olhava, não me importando com nada nem ninguém, só com ela... Nem fazia caso a quem me dirigia a palavra, não por desprezar tal pessoa, mas apenas porque naquele momento eu não estava presente...pelo menos não o meu eu consciente, apenas lá estava a carcaça... A alma rodopiava em torno dela, deleitando-se com o seu perfume de jasmim, com os seus olhos penetrantes, com as suas curvas deliciosas, inclusivé com a sua marca eterna no corpo...tratava-se de uma lua...talvez para representar o mistério que a envolve, o mistério sensual no qual ela está embebida!
E, para piorar este meu estado romanesco, o veículo que ela escolheu como sendo aquele a qual lhe iria competir a honra de a levar até ao seu destino....esse tinha de ser logo aquele no qual eu pretendia entrar... Ainda hesitei...a parte de mim que ainda segurava a réstia de pudor e vergonha hesitou...mas todo eu (ou a maioria) já me tinha rendido às perdições daquele rosto intrigante.
Entrei, e aconcheguei-me a um poste, no meio de um sufoco de pessoas, acanhadas no autocarro. Durante uma boa parte da viagem eu não a via...
Pensava já eu que não se tinha tratado senão de uma alucinação, provocada pelo sol, quando as pessoas aclaram o autocarro e eu a vejo: sentada no fundo, nos últimos bancos, sozinha...
Não tive coragem suficiente para a abordar...
E para agravar tudo, a paragem em que ela sai, equivaleu à minha...e durante um bocado andámos separados apenas por um ou dois metros...eu sem nunca ganhar coragem para dizer "Olá" e ela, sempre mantendo o andar de deusa, nunca me presenteando com um olhar sobre o seu ombro...
No outro dia tive um momento daqueles...daqueles nos quais a vida pára. Um momento em que as pessoas se calam...um momento em que os carros param...um momento no qual apenas a natureza prossegue com a sua silenciosa existência. E nesse momento tive tempo suficiente para poder pensar, sem pesos na minha consciência, sem outros problemas adjacentes. E pensei sobre a vida...sobre a minha vida em particular e, quando pensamos bem, são notórias as semelhanças da vida com velejar...
Ora pensem comigo: na vida há aquelas fases em que algo novo aparece e, sendo bom ou mau, temos que nos adaptar a esse novo elemento... Quando velejamos (não é que eu já o tenha feito mas a minha imaginação é farta) temos de nos adaptar ao estado do tempo naquele momento, e temos que fazer mais esforço no leme, ou temos que ajustar as velas ou seja o que for...temos que responder...temos que nos adaptar.
Na vida há também aquelas fases em que tudo corre mal...aquelas fases em que nos assemelhamos a uma viola desafinada, na qual nenhuma nota soa como devia. A velejar também passamos por tempestades...tamanhas tempestades que às vezes o mais acertado é apenas segurarmo-nos bem seguros ao leme, para que não sejamos lançados ao mar revolto e tumultuoso!
E depois há aqueles momentos, em que não precisamos de fazer nenhum ajuste nas velas, nem no leme, nada... Aquela fase solarenga em que não temos um objectivo imediato...em que apenas nos deitamos ao sol, deixando-nos conduzir ao sabor do vento, mas sempre com o destino em vista.
É esta fase que atravesso agora...sei o que quero e para onde quero ir, isto é, tenho muitos e bons objectivos a longo prazo...mas de imediato, vou-me deixar estar espreguiçado, aproveitando o sol e disfrutando do meu primeiro momento de descanso desde a última tormenta.
O vento favorece-me, apenas porque sopra levezinho, levezinho...e não me desvia do meu caminho, deixando-me permanecer deitado a mirar o azul intenso do céu, recortado por algumas nuvens brancas.