No outro dia tive um momento daqueles...daqueles nos quais a vida pára. Um momento em que as pessoas se calam...um momento em que os carros param...um momento no qual apenas a natureza prossegue com a sua silenciosa existência. E nesse momento tive tempo suficiente para poder pensar, sem pesos na minha consciência, sem outros problemas adjacentes. E pensei sobre a vida...sobre a minha vida em particular e, quando pensamos bem, são notórias as semelhanças da vida com velejar...
Ora pensem comigo: na vida há aquelas fases em que algo novo aparece e, sendo bom ou mau, temos que nos adaptar a esse novo elemento... Quando velejamos (não é que eu já o tenha feito mas a minha imaginação é farta) temos de nos adaptar ao estado do tempo naquele momento, e temos que fazer mais esforço no leme, ou temos que ajustar as velas ou seja o que for...temos que responder...temos que nos adaptar.
Na vida há também aquelas fases em que tudo corre mal...aquelas fases em que nos assemelhamos a uma viola desafinada, na qual nenhuma nota soa como devia. A velejar também passamos por tempestades...tamanhas tempestades que às vezes o mais acertado é apenas segurarmo-nos bem seguros ao leme, para que não sejamos lançados ao mar revolto e tumultuoso!
E depois há aqueles momentos, em que não precisamos de fazer nenhum ajuste nas velas, nem no leme, nada... Aquela fase solarenga em que não temos um objectivo imediato...em que apenas nos deitamos ao sol, deixando-nos conduzir ao sabor do vento, mas sempre com o destino em vista.
É esta fase que atravesso agora...sei o que quero e para onde quero ir, isto é, tenho muitos e bons objectivos a longo prazo...mas de imediato, vou-me deixar estar espreguiçado, aproveitando o sol e disfrutando do meu primeiro momento de descanso desde a última tormenta.
O vento favorece-me, apenas porque sopra levezinho, levezinho...e não me desvia do meu caminho, deixando-me permanecer deitado a mirar o azul intenso do céu, recortado por algumas nuvens brancas.